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Prisão de ventre e diarreia: qual é a relação?
4 min
Tópicos
Todos nós temos prisão de ventre e diarreia de vez em quando. É um facto, mesmo que as convenções sociais digam que os problemas intestinais não devem estar no topo dos temas de conversa quando saímos com amigos. Embora o movimento intestinal tenda a ser algo que mantemos em privado na maioria dos casos, o nosso "pequeno segredo pessoal" desempenha um papel fundamental na manutenção de uma vida saudável e normal.
A prisão de ventre e a diarreia podem estar em extremos opostos do espetro do movimento intestinal. Mas será que existe uma ligação entre os dois?
Neste artigo, discutimos as definições de prisão de ventre e diarreia, as possíveis relações entre as duas e algumas sugestões sobre como geri-las.
Prisão de ventre
A prisão de ventre pode fazer com que sinta o seu intestino congestionado, causando graves níveis de desconforto sobre os quais pode ter vergonha de falar. Mas não há que ter vergonha. Estima-se que 15% da população mundial sofra de prisão de ventre e a comunidade médica está sempre à procura de novas formas de ajudar a geri-la.1
Os padrões normais de evacuação são difíceis de definir. A frequência de evacuação na maioria das pessoas varia entre um movimento intestinal a cada três dias e três movimentos intestinais por dia 2, o que é um intervalo bastante alargado! Regra geral, se for à casa de banho menos de três vezes por semana, pode estar com prisão de ventre, mas a frequência de evacuação varia muito de pessoa para pessoa, bem como a perceção subjetiva do que é "normal".
Os sintomas da prisão de ventre incluem dores abdominais, inchaço, flatulência, náuseas e até dores de cabeça e fadiga.2 Os profissionais de saúde utilizam critérios de diagnóstico padronizados para diagnosticar todos os tipos de doenças e condições.1 Roma IV é a ferramenta de diagnóstico que define a prisão de ventre. Dois de seis sinais e sintomas têm de estar presentes para que um médico possa diagnosticar prisão de ventre. Os seis sinais e sintomas são:1
- Fezes com grumos
- Fezes irregulares ou duras
- Evacuação incompleta
- Manobras manuais para ajudar ou apoiar a evacuação
- Sensações de obstrução intestinal
- Menos de três movimentos intestinais por semana
O que causa a prisão de ventre?
Chegar à causa principal da prisão de ventre nem sempre é fácil. Isto porque existem muitas coisas que podem levar a uma obstrução ou a um abrandamento dos seus movimentos intestinais.
São vários os fatores que podem desencadear a prisão de ventre, incluindo:
- Alimentação desequilibrada
- Falta de fibras
- Desidratação
- Estilo de vida sedentário
- Condições médicas
- Jejum
- Stress
- Efeitos secundários de medicamentos
Com o seu ritmo de vida cada vez mais agitado, a vida moderna pode também aumentar o risco de adotarmos estes hábitos pouco saudáveis o que, por sua vez, pode também afetar negativamente o nosso aparelho digestivo.4
Assim, isto leva-nos à importante questão: a prisão de ventre pode ser controlada? A resposta, felizmente, é sim.
Vamos então explorar algumas opções.
Controlar a prisão de ventre
Seguem-se algumas formas de controlar a prisão de ventre ocasional:
- As pessoas devem saber que a frequência de evacuação "normal" varia de pessoa para pessoa. O segredo é conhecer os seus próprios hábitos e ajustá-los de modo a sentir-se confortável.3
- É essencial estar ciente de que é provável que sejam necessárias mudanças no estilo de vida. É importante monitorizar o seu progresso e estabelecer uma rotina intestinal regular.
- Assegure-se de que faz exercício físico, uma vez que existem estudos que demonstram que o exercício também ajuda a mexer os intestinos. 1b
- Algumas recomendações para aliviar a prisão de ventre começam com mudanças na alimentação: aumentar a ingestão de fibras e beber mais água.
Se isto não proporcionar alívio, existem alternativas, como os laxantes, que são eficazes e, dependendo do laxante selecionado, podem proporcionar resultados rápidos.
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Diarreia
A diarreia refere-se a uma condição em que as fezes ultrapassam os 200 grama por dia. Um doente com diarreia descreve geralmente fezes demasiado abundantes, demasiado frequentes, demasiado moles, vontade incontrolável e difíceis de reter.6
A diarreia aguda é a diarreia que dura menos de duas semanas. Uma doença diarreica persistente dura normalmente entre duas e quatro semanas. É considerada diarreia crónica quando persiste por mais de quatro semanas.7
O que causa a diarreia?
Existem vários fatores que podem levar à diarreia aguda, pelo que é crucial determinar a causa. Os fatores mais comuns são:7
Vírus:
Na maioria dos casos, a diarreia aguda e aquosa é causada por vírus (gastroenterite viral). Nas crianças, o rotavírus é o mais comum, seguido pelo norovírus nos adultos.
Intolerância à lactose, ao sorbitol e à frutose:
As pessoas que são intolerantes podem ter diarreia aquosa se consumirem refrigerantes, sumos, frutos secos ou gomas que contenham estes ingredientes.
Alguns medicamentos:
Os antibióticos causam habitualmente diarreia como efeito secundário. Além disso, alguns outros medicamentos têm efeitos secundários que podem causar diarreia, incluindo anti-inflamatórios não esteroides (AINE), antiácidos, anti-hipertensivos e antiarrítmicos.
A diarreia crónica também tem múltiplas causas, que incluem a doença celíaca e de Crohn, infeções intestinais parasitárias, síndrome do intestino irritável. Se tiver diarreia crónica, é importante falar com o seu médico ou outro profissional de saúde.7
Controlar a diarreia
A diarreia aguda resolve-se normalmente com simples alterações na dieta. Deve consultar um médico se se sentir doente, tiver diarreia com sangue, dores abdominais intensas ou se a diarreia persistir durante mais de 48 horas.
Se a diarreia for grave, pode ser necessário fazer análises ao sangue para determinar se é necessário repor líquidos, eletrólitos e minerais, como magnésio, potássio e zinco.
Se tiver diarreia crónica, o seu médico irá pedir vários exames para determinar a causa e possíveis complicações.7
Como é que a prisão de ventre pode causar diarreia
O que significa estar com prisão de ventre e depois ter diarreia? Embora possa parecer contraditório, é possível ter diarreia depois de ter prisão de ventre. Se sofre de prisão de ventre e depois tem diarreia, seguem-se algumas causas possíveis.
A diarreia por extravasamento pode ser desencadeada por uma prisão de ventre grave porque o esfíncter anal interno relaxa, permitindo a passagem do conteúdo de fezes. Os doentes descrevem muitas vezes os seus sintomas como diarreicos devido ao aparecimento de fezes líquidas.8
A diarreia por extravasamento, também conhecida como diarreia paradoxal, ocorre quando as fezes saem de uma impactação intestinal. A prisão de ventre crónica está normalmente associada a esta condição.9
Várias condições, incluindo a síndrome do intestino irritável (SII), podem manifestar-se com diarreia e prisão de ventre alternadas, pelo que é fundamental consultar um médico para um diagnóstico completo.10
Como prevenir a diarreia por extravasamento
Se os laxantes, enemas (clisteres), supositórios, suplementos de fibra e hidratação não funcionarem, pode ser necessária a desimpactação manual das fezes para prevenir a diarreia por extravasamento.8 A desimpactação consiste na introdução de um dedo lubrificado e com luva no reto por um médico ou profissional de saúde para desfazer as fezes endurecidas.15
Quando consultar um médico ou farmacêutico sobre prisão de ventre e diarreia
Em primeiro lugar, lembre-se de que não está sozinho. A diarreia e a prisão de ventre são condições que podem afetar qualquer pessoa e não deve sentir-se constrangido em falar sobre elas com o seu médico ou farmacêutico. Existem vários protocolos eficazes para o tratamento da diarreia e da prisão de ventre.
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Vigie o seu movimento intestinal para detetar quaisquer alterações invulgares e adote uma abordagem proativa para cuidar do seu aparelho digestivo, para aproveitar tudo o que a vida tem para oferecer com maior energia e entusiasmo.
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- Poitras, P., Bouin, M., Faure, C., Dapoigny, M. (2022). Constipation. In: Poitras, P., Bilodeau, M., Bouin, M., Ghia, JE. (eds) The Digestive System: From Basic Sciences to Clinical Practice. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-98381-9_15
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